‘Vidas Secas’ às ruas: o belo fusca-biblioteca de Mariano Alves

Duas paixões levaram o pedagogo Mariano Alves a criar uma ponte entre os estudantes e os clássicos da literatura brasileira. A primeira é seu fusca grafite, cuidadosamente preservado como um tesouro de família. A segunda, o renomado escritor alagoano Graciliano Ramos.

Com um jeito simples e um olhar tímido, Mariano se transforma ao falar de sua obra favorita, Vidas Secas. “Ao ler, a gente se identifica de cara com a rotina e as dificuldades de quem vive no Sertão”, diz, com olhos brilhando de admiração. “Graciliano levou a realidade nordestina para o mundo, por meio da Literatura”, acrescenta.

Foto: Dayane Laet

Morador do Benedito Bentes, bairro mais populoso de Maceió, há 21 anos, Mariano marcou o encontro na praça central, onde já havia montado sua exposição literária. Ele conta que seu interesse pela literatura brasileira surgiu aos 50 anos, quando decidiu ingressar na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “O autor que mais me impactou, sem dúvida, foi Graciliano”, relembra.

Para aprofundar sua admiração, ele descobriu, por acaso, que trabalhava com um parente direto do escritor, fato que acabou inspirando seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “Eu não sabia da conexão até o dia em que um livro deixado na sala dos professores nos aproximou”, recorda.

Foto: Dayane Laet

Apaixonado por tudo que envolvia Mestre Graça, Mariano começou a colecionar as obras de Graciliano, reunindo um acervo impressionante. E quis ir além: adquiriu exemplares extras de cada livro, criando uma coleção em homenagem ao imortal.

Em 2017, no ano de sua formatura, Mariano transformou seu fusca 1995 em uma biblioteca itinerante. Com adesivos de títulos e citações de Graciliano, além de recortes de jornais antigos, ele encheu o carro de conhecimento. Desde então, tem percorrido escolas e pontos de grande movimento em Maceió, como a orla, levando sua exposição itinerante.

Foto: Dayane Laet

“Graciliano Ramos é internacional, assim como o fusca. Nada mais justo do que unir esses dois clássicos para levar conhecimento a essa juventude que tanto precisa de bons exemplos”, destaca Mariano.

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