Respire fundo: o Inspira está no ar!
Contar boas histórias sempre me deu aquela sensação de “não sei meu destino, mas sei que estou no caminho certo”. Era o que eu sentia toda vez que voltava à redação depois de uma reportagem assim. O problema é que essas histórias quase nunca tinham espaço. O que “dava mais cliques” era a violência do dia a dia, cada vez mais banalizada.
Um dia, esse caminho foi interrompido. Minha história na redação foi pausada, e me vi sem fazer o que mais amava. Por outro lado, percebi que já não queria mais escrever sobre dor, sofrimento e violência. Adoeci de verdade. Entrei em conflito interno e silenciei.
Então veio a pandemia. O silêncio se transformou em sombra e, depois, em luto.
Em 2020, enquanto limpava meus troféus e desinfetava tudo com álcool 70%, fui lembrando de cada prêmio que conquistei. Todos, sem exceção, vieram de histórias incríveis de pessoas periféricas. Comecei a imaginar como seria bom voltar a escrever, desta vez para trazer alívio a quem está do outro lado, sobrecarregado(a). Mas onde?
Assim como você, que chegou até aqui, foi preciso sobreviver àqueles anos sombrios. Sempre que ousava sentir esperança, ela vinha de mãos dadas com a vontade de oferecer algum alívio coletivo. Eram dias difíceis de isolamento, em que tudo o que a gente podia fazer era esperar.
O Inspira nasceu enquanto eu estava deitada numa rede, no corredor de casa, tentando ler algo que acalmasse meus pensamentos e afastasse a sensação de morte, que pairava como uma neblina sobre a gente.
Sobrevivemos, mas com alguns remendos.
O tempo – implacável – me trouxe uma rotina que não deixava espaços vagos, mas a sensação de urgência continuava lá, incômoda. Até o dia em que dei o primeiro passo, tão pequeno e desajeitado que mais parecia um tropeço.
Agora (nem acredito!) escrevo minhas primeiras linhas para este projeto, que vai mostrar a realidade rica, diversa e positiva de quem está fazendo a diferença na sua quebrada, no seu bairro… no seu microuniverso.
Que orgulho. Estou muito feliz por não ter desistido. Alguns fantasmas me rondam, mas sigo plena.
Me sinto privilegiada por ter você aqui. Obrigada pela visita e volte sempre que quiser conhecer boas histórias.
Se precisar acalmar os pensamentos, posso te oferecer um lugar ao meu lado na estrada que estou trilhando. Não consigo ver muito além, mas garanto que há paz nos meus passos.
Bem-vinda(o) ao Inspira.
Com carinho,
Day.