24 de maio de 2025

Dayane Laet: Escolhendo meus incômodos

O que mais incomoda?
O calor que me faz transpirar ou o frio que me obriga a virar uma concha com muitas camadas? A fragilidade de uma saúde sem movimento ou a disciplina exigida pela constância na atividade física?

Estar solteira ou em um relacionamento incompleto? Sentir solidão ou me submeter a uma relação tóxica só para obter alguma dopamina? Buscar a compensação de outro jeito? Ter um “namoro” escondido ou simplesmente dizer “não, obrigada”, sem precisar se explicar? O que incomoda mais? Não ter ou ter menos? Ser quem sonhei ser ou quem deu pra ser?

Solidão x relacionamento difícil (Reprodução / Freepik)

Comer tudo o que gosto ou escolher o que vai me fazer bem? Aceitar minhas curvas com taxas saudáveis ou me submeter a uma dieta para entrar “no padrão” e viver refém da balança?

Os olhares atravessados para meus cabelos brancos — vindos de desconhecidos que não sabem o que vivi em 47 anos — ou pintá-los para parecer mais jovem e deixar que outros determinem o grau da minha autoestima?

O meio-termo existe? Se sim… é suficiente?

Eu considero meus limites sociais e minha história de vida quando me comparo com outras pessoas? Que régua é essa que uso para avaliar meus dias e desmerecer as vitórias que já tive, focando apenas no que ainda me falta?

Escolhi então olhar minha trajetória com respeito. Quando a gente entende que cada um tem seu tempo para florescer, aprende a esperar o tempo certo para aquilo que deseja, mas não pode forçar a acontecer.

Ao meu redor, há um jardim. Plantei cada planta, uma a uma — de espécies diferentes. Algumas foram presentes, mas a maioria fui eu quem semeei, reguei e comemorei ao primeiro sinal de flor.

Borboletas e abelhinhas visitam meu jardim. E, enquanto afofo a terra para receber uma nova muda (plantada ainda na pandemia), concentro minha energia na esperança: de que ela se adapte, de que as flores que já brotaram permaneçam firmes, e de que tudo corra bem.

“Borboletas visitam meu jardim” (Reprodução / Freepik)

Toda vida carrega em si uma dose real de alegria para oferecer a outras. Acredite — e aprenda a esperar, nutrindo esperanças. Faça planos.

Sofrer na academia, começar a caminhar — mesmo que devagar —, correr para exorcizar os problemas (que sempre vão existir, aceite), tudo isso dá mais resultado do que simplesmente não se mexer. Priorize os desconfortos com base no que eles podem proporcionar, mesmo que tragam certa frustração imediata.

Escolha os incômodos certos e não desista.

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